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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009


Despertar

Quando me dei por acordada
Só via a tristeza
Até à pouco, acreditei na salvação
E nos bons sentimentos que ela me propunha
Mas me dei conta de que só estava dormindo
Um longo e mórbido sono amargo
O perfume que sinto agora
Me faz viajar pra longe
Mas é tudo passageiro
Tudo que vivo é efêmero demais
Se eu voltasse a dormir agora
Até poderia acreditar outra vez
Mas isso de que me adiantaria?
A verdade não existe
Ela só foi inventada
Todos estão mentindo, é tudo que fazem
Enquanto isso, agora que despertei
Do sono maldito e enganador
Me distraio com minha ilusão preferida
Minhas doses surtem mais efeito
Que seus ensinamentos populares
Enquanto eles dormem acordados
Eu acordo pra dormir
Sempre e todo dia.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

"Esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade". (Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Hoje senti uma tristeza fora do comum
Sem motivo algum, sem razão de ser
Tentei uma compreensão do meu estado
Mas nada de errado
Senti um frio repentino
Frio com janelas fechadas
Com a cidade pegando fogo
Uma solidão daquelas
Que se tem companhia do lado
A mente dando voltas
Sem ter um lugar pra pousar
O mundo lá fora me chama
As pessoas parecem felizes
Mas eu não acredito em ninguém
Como vou atender a alguém?
Vou continuar aqui, com portas e janelas fechadas
Para que o mal não entre
Até pensei hoje
Que se a luz não pode me alcançar
E nem sei o que ela é
A escuridão também a mim não atingirá
Se não entendo o bem
Não sei também o que é o mal
Meu coração bate no compasso do incerto
Minhas mãos só tentam tocar
O que não há
É tudo tão concreto
Mas tão intocável pra mim
Hoje senti uma tristeza
De apertar o peito
De perder a voz
Uma tristeza úmida de lágrimas
E hoje é todo dia
E todo dia nunca acaba.

sábado, 10 de janeiro de 2009

terça-feira, 6 de janeiro de 2009


O Final

Eu respiro fundo em intervalos muito curtos de tempo
Respiro fundo para segurar a dor, para evitar as lágrimas
Tento ouvir com a mente o que os ouvidos não conseguem
Grito com a alma, aquilo que minha voz não reproduz
Na garganta sinto entalados todos os meus ais
Procuro uma simples explicação
Uma única luz no fim de um túnel qualquer
Estou andando em círculos nesse quarto escuro
Meu pensamento me permite voar longe
Mas pousar em lugar algum
E se alguém nesse inferno me aceitasse?
Se uma mão só se me estendesse em socorro?
A cada suspiro vejo mais distante a esperança
A cada círculo completo, neste quarto
Volto ao início do que está sendo meu fim
Quem sou eu?
O que sou eu?
Pobre criação, do que acredito ser divino
Lástima esquecida
Uma mente algoz num corpo puro
Corro até o abismo dos sonhos perdidos
Quanta agonia tenho agora
Em meu pobre diário vital
Escrevo em púrpura a trajetória obscena
Feita com pecado
De meus dias voluptuosos
E com palavras perdidas
Encerro num sutil corte preciso
O grande mal do existir
Só sinto agora o sangue que escorre
E tudo tão mais soturno
Meu último suspirar.